sábado, 24 de outubro de 2009

Au revoir, Paris

Retornamos de Roma para Paris pela Easyjet, chegando no aeroporto de Orly às 22:30h. No dia seguinte, último dia da viagem, era dia de arrumar as malas e de nos despedir da Cidade Luz. Fomos às compras de manhã, primeiro em uma farmácia comprar cremes e filtros solares - é muito mais barato comprar Vichy, La Roche Posay, Bioderma; óbvio, é tudo produzido na França mesmo! Depois, fomos ver o que rolava na liquidação da Galeria Lafayette. Adivinha - lotado de gente, e tinha de verdade só uma arara de blusas de lãzinha em promoção mesmo. Mas mesmo assim, vale a pena o passeio, pelo edifício incrível, e por ver todas as marcas famosas reunidas num só lugar. Só o Henrique que ganhou um presente dali, um relógio do Ben 10 que não vimos em nenhum outro lugar!



Cúpula da Galeria Lafayette

Vista do topo do edifício - nada mal!




Depois de pegarmos um trânsito digno de véspera de feriado em São Paulo, chegamos até nosso destino para almoçar - a chique Avenue George V, onde almoçamos um sanduíche árabe delicioso em uma casa típica. Muito bom, recomendo!

Paulo no ótimo restaurante árabe


Depois, para nos despedir, quase no por do sol, fizemos o mais óbvio dos passeios em Paris, mas que nunca nos cansa - um passeio no Bateau Mouche pelo Sena. Como é possível uma mesma cidade, com os mesmos edifícios há séculos, parecer diferente cada vez que você a olha?




As últimas imagens ficarão na nossa memória até o próximo encontro (daqui há 10 anos, quem sabe?)


Depois do passeio de quase duas horas, fomos nos despedir no ponto inicial dessa viagem de sonho - ela mesmo, a Torre Eiffel. Não tínhamos visto ainda a torre piscando na hora cheia, e ficamos esperando dar 20h para vê-la piscar. Iluminada com as cores vermelha e branca (cores da bandeira da Turquia, pois é o ano da Turquia na França), no horário certo ela cintilou por 5 longos minutos, dizendo au revoir para mais dois turistas encantados.





No dia seguinte viajamos durante o dia para o Brasil, em um tranquilo voo da Air France.

Calma, esse não é o último post ainda... acho que vou ficar mair triste de me despedir desse blog do que fiquei em voltar pra casa. Na realidade a volta foi muito feliz, realizamos um sonho e era hora de voltar para vermos nosso pequeno, nossas famílias, nossa casa. Nada como passarmos tanto tempo fora pra acharmos nossa rotina em casa uma delícia!

Apesar da minha tentativa aqui, o que aprendemos e vivemos nesses 20 dias é indescritível. Uma experiência que nunca vamos esquecer, e cuja maior lembrança além desse relato são as 2.300 fotos e alguns filminhos... Valeu cada minuto de planejamento, de apreensão e ansiedade, e tantos anos sonhando com todos esses lugares afinal não foram em vão!

Sonho realizado! Agora é trabalhar muito para poder conhecer outros lugares, e que Deus nos dê uma vida longa e saúde para continuar xeretando pelo mundo!

domingo, 18 de outubro de 2009

O Papa é Pop !!!

Já sabíamos com bastante antecedência o programa do dia 07 de outubro- o Vaticano. Tudo por que diz a lenda que para evitar mais de duas horas de filas nas bilheterias dos Museus do Vaticano é recomendável comprar antes pelo site, por isso já tínhamos ingressos para as 11h. Nos meses anteriores a viagem entrei todas as semanas no site do Vaticano, buscando a agenda do Papa para outubro, e até o meio de setembro nada... queria muito ir ao museu em um dia de audiência pública do Papa, geralmente quartas feiras e domingos. Funciona assim - para conseguir um lugar mais próximo do Papa, em cadeiras em lugares delimitados na Praça São Pedro é preciso fazer um cadastro pelo site, indicando o dia da audiência. Pretendia fazer tudo isso, mas até partirmos para a viagem, o site do Vaticano só indicava a agenda até ssetembro. Apesar de ter comprado o ingresso do museu para uma quarta feira, tinha desistido da audiência, conformada em ir a Roma e não ver o Papa. Paciência.


Pois bem. Eu sempre digo que Deus é infinitamente bom, e nos dá mais do que pedimos sempre. Mais uma vez aconteceu. No dia 07, nosso terceiro dia em Roma, combinamos de irmos o mais cedo possível ao Vaticano, porque sempre é muito cheio lá. Iríamos na Basílica das 9 às 10:30h, e depois seguiríamos para os Museus do Vaticano. Pegamos o metrô (chega-se no Vaticano de Metrô, estação Otaviano), e no caminho conhecemos uma família de brasileiros que estava indo também para lá. Até aí, normal. Eram 9:20h quando chegamos à estação, e de lá a praça são uns 15 minutos de caminhada. logo que saímos da estação já vimos uma movimentação anormal, o povo apressado e muita gente indo na direção da Basílica, muitos com o papel azul na mão - o "passaporte" para a audiência. Começamos a prestar atenção nos comentários e descobrimos que a pressa era para a audiência do Papa mesmo.

A multidão em direção à Piazza San Pietro


Ao mesmo tempo que fiquei feliz por escolher o dia certo meio por acaso, fiquei triste por não ter as entradas privilegiadas. Mas..... era cedo ainda, e depois da fila do raio-X para entrar na Praça de São Pedro, conseguimos ficar ao lado do espaço reservado para quem tinha reservas para a audiência - nós ficamos em pé, é claro, e num sol de rachar, tipo nordeste do Brasil, mas ficamos muito felizes em estar ali. É uma energia muito boa, todos felizes à espera do Papa.




Depois de quase uma hora de espera os telões começaram a mostrá-lo no papamóvel, e eu comecei a disparar fotos com o zoom máximo... consegui focalizar o cocuruto papal - vulgo alto da cabeça. Perfeito! Apesar de não ter o carisma do seu antecessor, ele se esforça - e acho que ele é mesmo pop!


Tá vendo aquele pontinho branco no meio da foto?


A audiência papal não é uma missa. Um tema é escolhido e ele fala sobre ele em várias línguas, e assistentes-padres mencionam os grupos de várias regiões do planeta presentes naquele dia. Uns acenam com lencinhos coloridos, bandeiras, outros cantam em coro, outros levantam faixas. É uma festa! O tema desse dia foi muito emocionante para mim. O Papa falou sobre os 400 anos de morte de São João Leonardi, que nasceu e viveu em Lucca, na Toscana. Pra minha surpresa, esse santo é o protetor dos farmacêuticos, usou seu conhecimento adquirido no curso incompleto de farmácia para tratar e salvar as pessoas. Por amor a Deus dedicou sua vida a essa vocação, fazer o bem com sua profissão, salvar doentes em uma época em que as doenças eram tantas e os recursos tão poucos. Agradeci a Deus por ter sido abençoada com esse ofício também, e pedi por todos meus colegas farmacêuticos, para que tenham sabedoria e usem essa linda profissão para o bem e para dar mais vida às pessoas.

Por fim, o Papa deu uma benção a todos, estensiva à família de cada um, principalmente crianças e enfermos, e abençoou os objetos. Mais uma vez nossas alianças foram abençoadas, assim como as chaves de casa e uma fotinho do Henrique.

Acredito que tudo isso não foi uma coincidência, foi Deus mais uma vez me dando mais do que eu pedi.

Onde está Wally? - Acreditem, o Papa também está nessa foto....

Depois de toda essa manhã emocionante, almoçamos e fomos para o incrível complexo de 6 museus do Vaticano. Surpresa - não tinha fila! Isso porque era hora do almoço, mas mesmo assim recomendo que todos comprem antes o ingresso, pois há muito pra ver. Fomos com audioguide, pois é impossível saber os detalhes das peças principais desse museu - é tanta coisa que eles não dão conta de cuidar da parte visual dos museus, então quase não há explicações impressas. Passamos 4 horas lá dentro, e vimos inúmeras esculturas antigas romanas, o museu egípcio, pisos de mosaicos impressionantes, que eram das ruínas e foram transferidos para os edifícios do Vaticano (pleonasmo para não dizer roubados... tudo bem, mesmo roubados um dia, pelo menos hoje estão conservados pra gente ver), salas de mapas, cartas escritas por Michelangelo, Galileu, e os próprios Papas, as impressionantes salas de Rafael, com afrescos famosos como a Escola de Atenas, e até obras modernas como uma pietá de Van Gogh e um simpático quadro com um cardeal gordinho de Botero.

Mosaico romano


Sala Cartográfica


Escola de Atenas (Rafael)


O cardeal de Botero

Todo mundo sabe que a "cereja do bolo" dos Museus do Vaticano é a Capela Sistina. Não consigo nem encontrar um adjetivo a altura pra descrever esse lugar. Magnífico é pouco. Eu diria que é mesmo divino. Mais uma vez ele, o divino Michelangelo, que passou 4 anos de sua vida pendurado pintando o teto mais famoso e lindo do mundo, e outros 6 anos trabalhando no afresco do altar, o Juízo Final. Tudo é tão rico em detalhes e em informação - não só as imagens foram ricamente trabalhadas, mas a razão de estarem ali também. Michelangelo tinha profundos conhecimentos de teologia, e essa é a obra que revela esse lado do gênio.

Ficamos 40 minutos admirando o teto e o altar, com binóculo, audioguide e livro, mas acho que um dia inteiro seria pouco pra tanta beleza. É o povo que atrapalha - querem tirar fotos, os guardas ficam gritando que fotos são proibidas, e gritam de vez em quando "silenzio!" também. É abafado, todo mundo fica meio amontoado, mas não pudermos reclamar porque encontramos logo um banco para admirar tudo sentados. Agradeci a Deus por ter visto tanta beleza.

Escada de saída - Musei Vaticani

Por fim, fomos até a Basílica de Sao Pedro. Também é emocionante estar lá. Logo na entrada, à direita, a Pietá, obra que Michelangelo concluiu em um ano, em 1499. É menor que eu imaginava, e apesar de triste, é linda, sublime. Muitas outras obras estão na basílica, projetada pelo próprio Michelangelo e por Bernini. Não há um centímetro sequer que não seja recoberto por mármore, de todas as cores, desenhos e tamanhos. Realmente impressiona, mas tenho que confessar que um pensamento me veio a mente logo que entrei lá: Jesus, o Filho de Deus, o maior de todos do Céu e da Terra e de todos os tempos nasceu em um estábulo e viveu uma vida tão simples... porque então os homens precisam (ou precisaram) ostentar tanto luxo? A grandiosidade e o luxo pra mim representam o valor histórico, porém acredito que Deus é maior que isso, e está presente também nas capelinhas, nos altares de igrejas pobrezinhas, ou ainda quando há mais de um reunido em seu nome.

Interior da Basílica de São Pedro - Domo maior


A lindíssima Pietá, de Michelangelo

Ainda antes de ir embora de Roma, um outro dia, retornamos para visitar as tumbas dos papas (acesso fechado no primeiro dia) e fazer uma oração no túmulo do papa mais querido, João Paulo II.
Basílica de São Pedro ao anoitecer

Depois de mais fotos na Praça Sao Pedro, fomos em direção ao Castelo Sant'Angelo, de onde vimos o rio Tevere, os magníficos anjos de Bernini que adornam a ponte, e o por do sol.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Quem tem GPS vai a Roma

Dia 05 de outubro era dia de pegar as malas e ir para a Cidade Eterna, Roma, nosso penúltimo ponto de parada antes do retorno ao Brasil. No meu otimista plano de viagem tinha programado sair de Siena e passar no caminho pra Roma ainda por mais duas cidadezinhas – Montepulciano, na Toscana e Assis, na Úmbria, para visitar a Basílica de São Francisco de Assis, mas resolvemos encurtar o percurso, pra evitarmos o stress de entrar em Roma com o carro a noite.

Já sabíamos que Roma era uma loucura – muita gente, muita coisa pra ver, muitos turistas como nós, e que dirigir por lá era uma aventura quase como dirigir em São Paulo. Por isso quando reservamos o carro achamos que era mais fácil devolvê-lo assim que entrássemos na cidade, e pelos mapas de trem, achamos que seria mais fácil devolver no Aeroporto Ciampino (o menor, como se fosse o aeroporto de Congonhas, mas mais distante). Ainda bem que ainda em Siena percebemos que seria uma roubada – não tem trem do Ciampino para o centro, só ônibus, e estavamos com nossas mochilas pesadas, ia ser um stress. Então ligamos para a Avis e pedimos para devolver o carro na estação Termini, coração do transporte público em Roma, e não teve problema nenhum, nem pagamos nada a mais por essa alteração. Tivemos outra boa idéia – deixar as malas no hotel antes de ir devolver o carro. Ajudou bastante, as mochilas estavam pesadas e ainda carregávamos alguns suprimentos de supermercado.

Bendito foi o dia que inventaram o GPS. Tudo bem que o nosso era mudo, mas nos ajudou imensamente. De Siena à Termini em Roma ele foi impecável, não nos perdemos e ainda achamos um posto indicado por ele para completarmos o tanque. Nosso Fiat Bravo foi o máximo também – estável, econômico (era a diesel, comum aqui na Europa), espaçoso, confortável. Eu dirigi quase todos os 900km que andamos desde de Veneza até Roma numa boa, foi bem legal. Queremos fazer mais viagens assim, de carro pelo interior dos países – com GPS, claro!


Nosso super Fiat Bravo - carrão!

Devolvido o carro, malas no hotel, Roma Pass comprados na própria estação Termini – vale a pena: 23 euros por 3 dias de transporte público ilimitado e entrada em 2 museus (no nosso caso o complexo do Coliseu e a Galeria Borguese – só essas entradas já dava o valor do Roma Pass), decidimos ir para um dos top points de Roma – a Fontana de Trevi. O choque foi grande – depois de sair de dias zen na Toscana resolvemos ir justamente para o lugar mais muvucado por metro quadrado de Roma. Eu achava que essa fonte ficava em uma praça ampla, tipo a praça do arco do Triunfo em Paris, com espaço para as pessoas, etc... que nada. Fica praticamente num beco, com milhares de pessoas se acotovelando para conseguir tirar uma foto e jogar uma moedinha (ato oficialmente proibido pois danifica o mármore da fonte, mas que todo mundo joga na esperança de voltar – as nossas estão lá também). Ela é linda mesmo, impressionante, mas nesse dia não dava pra ficar muito, tinha muita gente. Fomos então para outra praça próxima, e também famosa – a Piazza de Spagna. Também estranha – não é bem uma praça, é uma rua com uma escadaria imensa e uma fonte, lotada de gente... ai ai. Stress pós Toscana. Valeu porque logo já conhecemos duas das mais famosas praças de Roma, mas foi agitado. Por lá comemos e voltamos para o hotel. Pausa para o metrô: em Roma só existem 2 linhas de metrô, e é razoável, pois não é possível escavar muito por razões arqueológicas. O problema é que o metrô é super profundo, as estações tem um pé direito baixo e o ar não circula, é bem claustrofóbico. O Paulo teve que se controlar pra não sair correndo das estações, sempre lotadas. A linha A tem trens novos com ar condicionado, já a B, que era a que nós tínhamos que pegar para ir para o hotel não tinha, os trens eram bem velhos. Valeu pra gente dar valor ao nosso metro de Sampa.



Nós na Fontana di Trevi...



... e a galera!

Sabíamos que Roma era muito mais que as duas piazzas muvucadas, e é mesmo. Vimos isso nos dias 06, 08 e 09 de outubro. Começamos pela Roma antiga. A Wal e a Meg já tinham me falado do metro que leva ao Coliseu. Ao sair do metrô demos de cara com o Coliseu, foi emocionante. Ele é grandioso, fantástico, nos sentimos um pontinho no espaço e no tempo, diante dessa obra de quase dois mil anos. Fizemos um tour guiado que valeu a pena no Coliseu – descobrimos entre outras coisas que ele só sobreviveu ao tempo porque foi contruído com uma mistura de mármore travertino, uma rocha vulcânica que dá elasticidade e tijolos. Se a construção fosse unicamente de um só desses materiais já teria sido destruído. Descobrimos também que até o século XVI ele era inteirinho recoberto com mármore, e que o Papa mandou retirar tudo para construir a Basílica de São Pedro :O(. As lutas que lá ocorriam nunca eram de gladiadores contra animais – sempre feras entre si, ou gladiadores entre si, e estes raramente lutavam até a morte. Na realidade para lutar no Coliseu o gladiador tinha que ser bom e já ter uma “carreira na profissão”, ou seja, ter sobrevivido a outras lutas em cidades menores. Uma vez que chegava a Roma, era como uma exibição, e então 80% desses gladiadores ganhava do imperador a liberdade. Foi uma bela aula de história.




Coliseu por fora, por dentro e o Fórum Romano - 2000 anos de história

Saímos do Coliseu e continuamos nas ruínas do Palatino, colina onde moravam os imperadores, e no impressionante Fórum Romano. Incrível as ruínas dessa cidade, que dão a noção exata de como os romanos viviam há 2 mil anos. Uma experiência e tanto, muito legal!

Saímos de lá ao entardecer, e aproveitamos para conhecer o Campidoglio na Piazza Venezia, cuja reforma foi projetada por Michelangelo, e fomos de lá pra mais uma praça famosa – essa sim, linda, arejada, espaçosa e com arte e música – a Piazza Navona. Muito elegante, essa Piazza tem, alêm da embaixada do Brasil e uma linda igreja, a imponente e impressionante fonte dos 4 rios (Nilo, Ganges, Prata e Danúbio), esculpida no século XVII, em pleno período barroco, por Gian Lorenzo Bernini, outro da minha galeria de artistas geniais, como Michelangelo. Quem leu ou assistiu Anjos e Demônios vai se lembrar desse nome (porém aquela história é pura ficção mesmo – duvido que um escultor contratado pelo Vaticano com obras primas espalhadas pela cidade inteira e com 11 filhos teria tempo de conspirar contra a igreja). Pelo menos o filme serviu para que eu quisesse conhecer as obras apresentadas, dele, e ver esculturas absolutamente impressionante, esculpidas como se o mármore fosse cera. Vou falar mais delas daqui a pouco. Enfim, amei a Piazza Navona e voltamos lá mais uma vez antes de irmos embora.



Na Piazza Navona, diante da maravilhosa Fonte dos Quatro Rios, de Bernini

Dois dias depois continuamos o passeio por Roma (o dia seguinte foi do Vaticano – próximo post), e começamos o dia indo até o Pantheon, o edifício mais bem conservado de Roma – projetado e contruído pelo Imperador Adriano no século I d.C. Incrível, com uma cúpula de proporções perfeitas, hoje abriga uma igreja e o túmulo de Rafael, um mestre da pintura renascentista, além de túmulos de reis. Depois, fomos até a Piazza del Popolo – essa também uma praça popular de Roma, onde são transmitidos os jogos de futebol na Copa, e visitamos a Igreja Santa Maria del Popolo, cuja Capela Chigi foi projetada pelo Bernini, muito bonita.


Pantheon - o mais conservado edifício de Roma

Importante – indo pra Roma, reserve com antecedência por telefone as entradas para a Galleria Borghese. Vale muito a pena esse museu. É um palácio barroco que fica no meio de um lindo parque, a Villa Borghese, e o edifício por si só é uma obra de arte, com afrescos recobrindo todas as suas paredes. Demos muita sorte, pois além do acervo original riquíssimo do palácio, uma exposição de Caravaggio e Francis Bacon tinha acabado de ser inaugurado. O Caravaggio é incrível: um pintor que não tem tantas obras porque morreu cedo, antes dos 40 anos, mas que na minha opinião sabe como ninguém trabalhar a iluminação de seus quadros. Lindíssimos! A pinacoteca desse museu é impressionante – além dos Caravaggio há ainda importante obras de Rafael e Ticiano. Mas o melhor de tudo são as esculturas. Com quartos feitos só pra elas, fiquei hipnotizada com a polêmica e linda estátua de Paulina Bonaparte como a Venus da Vitória, de Antonio Canova, e as maravilhosas obras primas de Bernini – Davi, Apolo e Daphne e o Rapto de Prosepina. Acho que nunca ninguém soube transformar tão bem o mármore em lindas sedas, corpos que levitam e folhas finas como cristal. São dele também os anjos da ponte sobre o Rio Tibre no Castelo de Sant’Angelo e o projeto da praça de São Pedro. Comprei uns livros sobre ele e sobre a Galleria Borghese, quem quiser ver me avise.

Anjo de Bernini no Castelo Sant'Angelo

Roma vista da Villa Borghese

Depois pagamos um mico com o ônibus – o pegamos para andar 1 ponto só... e fomos para a muvuca das compras na Via del Corso... mais pra ver do que pra comprar – em euro é muito caro! E de quebra passamos de novo na Fontana de Trevi para um sorvete e uma foto a noite.



Aguardem o post do Paulo sobre os italianos “tutti bouna gente”, sobre os micos e a avaliação dos hotéis. Roma é mesmo imperdível, gostamos!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sob o dourado sol da Toscana

Saímos de Firenze rumo à Siena no dia 03 de outubro, no meio do dia. Nossa expectativa era grande, pois enfim conheceríamos um pouco da linda e tão celebrada Toscana. A realidade Firenze já é a capital da Toscana, e lá já podíamos ver os ciprestes e o verde tão típico da vegetação dessa região, mas estávamos esperando as estradinhas, as cidadezinhas medievais e as parreiras de uvas, e também um pouco da vida interior da Itália. Foi exatamente o que vimos – foi incrível essa parte da viagem.



Já sabíamos que não iríamos ver os girassóis, pintados em todos as imagens dessa região, porque o mês que estão floridos é sempre julho. Conseguimos ver os campos de girassóis pela estrada, mas as flores estavam secas. Fizemos um combinado então, de um dia voltar a Toscana em julho para ver os girassóis abertos.

No Caminho para Siena já tinha programado uma parada em San Gimignano, uma pequena cidade medieval famosa por suas torres. Essa cidade chegou a ter 70 torres na Idade Média, e hoje ainda conserva 14. Duas famílias eram rivais e queriam competir construindo a torre mais alta. Ficamos absolutamente encantados com essa primeira cidade medieval que vimos, incrivelmente conservada. Tem o muro em volta da cidade, as ruazinhas estreitas, os túneis escuros, as escadarias, a praça principal com a igreja, tudo como no ano de 1200... só faltam os templários e cavaleiros das cruzadas! Tudo é feito de tijolos pequenos, não existem casas pintadas ou coloridas. A única cidade que tínhamos visto até aqui, dessa época era Bruges, na Bélgica, mas é muito diferente, pois Bruges, apesar de ser construída na mesma época, tem a influência Flaminga e Holandesa, muito diferente das construções italianas. Foi muito legal andar por San Gimignano em mais um dia de sol. Ficamos lá algumas horas, tomamos ótimos sorvetes, almoçamos e curtimos a paisagem, um passeio mais tranqüilo que a correria das cidades maiores e com muitos museus e igrejas que vimos até agora.



Centro de San Gimignano


Seguimos em direção à Siena, onde ficamos no Hotel Itália. Foi o hotel que eu mais gostei, o quarto tinha 2 grandes janelas com vista para as colinas, muito bonito. Foi o hotel mais caro também (aguardem nosso post de avaliação dos hotéis). Chegamos com sol em Siena, e ainda deu tempo de ir caminhando até o centro histórico.




Um dos portões do centro histórico de Siena


Siena é incrível (atenção, essa é a minha opinião, pois o Paulo não achou assim tão legal – ele preferiu as cidadezinhas medievais menores). Digo isso porque é a maior cidade medieval da Toscana, extremamente conservada por um motivo muito triste. No século 16, mas da metade da população da cidade não resistiu à peste negra, e nos séculos seguintes a cidade foi se repopulando aos poucos, por isso se conservou. Siena é famosa pelo Palio, secular e tradicional, uma competição de cavalos que acontece duas vezes por ano, mas que é assunto o ano inteiro. As famílias passam o “time” do Palio de geração em geração, mais ou menos como é com os times de futebol no Brasil. A praça principal é muito bonita, com um piso inclinado em forma de concha, e é aí que acontece o Palio. No dia que chegamos o centro da praça estava montado com muitas mesas para um jantar chique, beneficente, de um dos times do Palio, chamado Chivetta. Acho que toda a população de Siena estava lá, as ruas estavam lotadas.


Campo de Siena preparado para o evento que mobilizou a cidade



O complexo do Duomo de Siena também é famoso, pois além da Catedral gótica lindíssima, tem o batistério, o campanário e uma recém descoberta cripta com afrescos muito conservados. É lá também a Basílica de Santa Catarina de Siena, construída sobre sua casa, uma linda igreja barroca. Planejamos conhecer a Duomo e seus anexos mas não deu tempo – fora que o Paulo teve um piti de overdose de igrejas e museus. Coitado, é verdade, tem uma hora que cansa mesmo... é que eu gosto da história dos lugares e de ver as coisas, então eu curto, mas Firenze foi muito over de arte e informações, então tudo bem, fomos curtir o interior sem maiores compromissos culturais.



Duomo de Siena


No dia 04 de outubro o programa eram duas cidades no leste da Toscana – Arezzo e Cortona. Andamos pouco mais de 50 km e estávamos em Arezzo, a terceira mais populosa cidade da região (depois de Firenze e Pisa). No caminho demos um balão no GPS, que mandava pegarmos a A1, a maior auto estrada da Itália, e fomos seguindo placas alternativas, e recebemos um belo caminho de presente... casinhas amarelas com janelas verde escuro espalhadas em planícies com ciprestes e campos com videiras ou oliveiras, ou as duas coisas... lindo! Só faltaram os girassóis. De vez em quando víamos uma cidadezinha medieval no topo de uma colina. Lindo mesmo, como nos filmes.


Arezzo foi uma importante cidade medieval, muito poderosa e rica, mas infelizmente uma grande parte do seu centro histórico foi destruído durante a Segunda Guerra. Uma pena. Mesmo assim andamos pelas ruelas, fomos até a catedral e a praça principal. Era um dia especial – um domingo por por mês há uma feira de antiguidades nas ruas do centro histórico, pegamos esse dia. As pessoas da cidade estavam na rua, foi legal. Tomamos um sorvete, para não perder o costume, e seguimos viagem para Cortona.


Arezzo

Quem viu o filme ou leu o livro “Sob o sol da Toscana” vai se lembrar dessa cidade. Lembrei muito dos amigos Carol Breslin e Ed, que passaram uns dias descansando aqui em maio e nos falaram que era imperdível. É mesmo! Foi a cidade que mais gostamos! Ela fica numa colina incrivelmente alta, e chegando na cidade ainda assim tem um super escada rolante (isso mesmo, moderna!) para ir até o centro histórico. Andamos muito, subimos e descemos, fomos em igrejas, foi uma delícia. O tempo ficou um pouco nublado, mas no fim da tarde o sol apareceu, e aí percebi que o sol é diferente na Toscana. Ele deixa a paisagem dourada, um visual único e incrível, que não consegui capturar com minha máquina, mas acreditem, é único. Só pra ver esse sol vale a viagem.

Cenas de Cortona - Vista do alto, Paulo cansado com as subidas e a incrível paisagem dourada


Devíamos ter ficado mais tempo na Toscana – 2 dias foi muito pouco. Poderíamos ter ido a Pisa, à Lucca da minha amiga Érika, conhecer a estrada dos vinhos de Chianti. Aqui vamos voltar um dia, e pra quem vem fica a dica – 4 dias na Toscana é o ideal, de carro, vale muito a pena. Mesmo assim, foi um presente, uma surpresa muito agradável ter ficado esses 2 dias nesse paraíso.

sábado, 10 de outubro de 2009

Um banho de arte e cultura em Firenze

Saímos no dia 01 de outubro de Veneza em direção a Firenze, mas não sem antes pagar um mico básico – pegar o carro na Avis de Mestre. Um velhinho nos atendeu com educação, porém era meio confuso, e não sabia mexer no GPS que alugamos com eles mesmos.... detalhe que nem nós sabíamos, nunca tínhamos mexido em um antes. Pois bem, o GPS não funcionava bem, e ele trocou por um outro que funcionava, porém não saia o som... tudo bem, ficamos com esse mesmo, afinal, não havia outro... Tínhamos reservado um Fiat Punto, porém ele nos deu um Fiat Bravo azul, de 2008, excelente! Ótimo, perfeito! Só precisávamos agora aprender a mexer no GPS e ir até o Hotel Guidi buscar as malas. Então.... nos perdemos como dois idiotas, atravessamos a imensa ponte até Veneza por engano e depois de rodar 40 minutos voltamos para a loja da Avis... tudo porque não sabíamos mexer no GPS... mico mega blaster master! Chegamos no hotel 30 minutos depois do horário máximo do check out, mas eles foram legais e até nos ajudaram a finalmente programar certo o GPS.

Pegamos a estrada, tentando começar uma relação amigável com o GPS, e funcionou... paramos em Pádua para visitar a Basílica de Santo Antonio, onde recebemos uma benção especial e tivemos nossas alianças novamente abençoadas por um padre. Foi muito bonito. Almoçamos por lá e na hora de ir embora, outro mico mega... programamos o GPS para Firenze mas não sei por que ele entendeu que queríamos voltar para a Basílica – 10 minutos para fazer um círculo, demos muita risada! Enfim acertamos o bichinho novamente rumo a Firenze.

Basílica de Santo Antonio, em Pádua

A estrada A1 é a Autostrada del Sole, a estrada do Sol, que corta toda a Itália. O trecho mais movimentado é justamente o que pegamos – Bolonha-Firenze, e é serra, pois corta os Montes Apeninos. Muitos, muitos caminhões, e era uma quarta feira - nem final de semana para justificar tanto movimento. Chegamos a Firenze já de noite, no Hotel Jane. Um pouco claustrofóbico, mas o Paulo adorou porque o lobby era bonitinho e porque tinha TV de LCD... eu fiquei com medo da instalação elétrica – toda vez que ligávamos alguma coisa na tomada a luz oscilava. Também não tinha internet... o hotel tem ótima localização, por isso mesmo com esses inconvenientes vale a pena. O café da manhã é bom também, e foi a diária mais barata que pagamos – 55 euros.

Eu gosto de arte, apesar de não ser uma estudiosa no tema... diria que sou uma curiosa. Sabia que em Firenze iria me encantar com tanta arte renascentista, e de fato foi isso que aconteceu... mas é tudo muito! Tem muuuuita coisa pra ver, muita informação para aprender, aquela sensação que você não vai conseguir ver nem um décimo do essencial... realmente, dois dias foi pouco em Firenze. Conseguimos ver os pontos principais do centro histórico, que é pequeno: a Piazza della Signoria, com muitas esculturas e onde um dia esteve o Davi original de Michelangelo, a Ponte Vecchio, o acervo monumental da Galeria Uffizzi (devíamos ter feito reservas com antecedência, pois a fila é grande), onde vimos pinturas de Michelangelo, Da Vinci e os famosos Nascimento de Vênus, de Botticelli e a Vênus de Urbino, de Ticiano... lindos!

Piazza Della Signoria, com o "Rapto das Sabinas"
Ponte Vecchio sob o Rio Arno

Muitas coisas me emocionaram nessa viagem, e ainda continuarão me emocionando até o final, mas acredito que em Firenze vi a obra mais perfeita que um humano foi capaz de fazer. Essa pessoa foi Michelangelo Buonarotti. Na Galeria della Academia tive o privilégio de estar frente a frente com o monumental Davi por 40 minutos. Ficaria o dia todo ali, extasiada com tanta perfeição. A impressão é que a qualquer momento ele sairá andando, ou irá se mexer. Tem os músculos, os contornos, as veias de um humano, é absolutamente perfeito. Quase fui presa, mas consegui fotografá-lo. Aprendi que Michelangelo trabalhou até sua morte, aos 89 anos, inclusive esculpindo em mármore. Esculturas não podem ser alteradas como pinturas, por isso tem que ser perfeitas na proporção, e para esse Davi não se encontrou nenhum tipo de estudo prévio ou desenho. Apesar de ilegal na época, Michelangelo clandestinamente dissecava cadáveres para aprender mais sobre o corpo humano que iria reproduzir em suas obras. Quando terminou Davi, em 1504, Michelangelo tinha 29 anos, e ela o consagrou como o gênio que todos nós sabemos que ele foi, não só na escultura, mas na pintura e na arquitetura. Vi na Ufizzi um quadro dele lindo, circular, da Sagrada Família, e é seu projeto arquitetônico também a Biblioteca Laurenciana, em Firenze. Um gênio agraciado por Deus com a perfeição estética. Tenho certeza que ele amava o que fazia. É impossível ser perfeito no que se faz sem amor.

Minha foto de Davi, tão clandestina quanto os estudos do corpo humano de seu autor

Dois dias foi pouco, queria mais um dia para ir atrás de mais obras de Michelangelo e de outros lugares fantásticos dessa cidade que sempre refletiu a riqueza dos Médici, que financiavam o Renascimento e também a ciência na sua época, patrocinando os experimentos de Galileu Galilei.


Duomo de Firenze - Santa Maria del Fiore


Uma vista panorâmica da cidade da Piazzalle Michelangelo, incluindo a famosa cúpula da Duomo, a Catedral de Santa Maria del Fiore, foi nossa ultima imagem antes de pegarmos novamente a estrada rumo a Siena.







Vista da Piazzale Michelangelo

A recompensa depois do stress máximo: Veneza, a jóia dos mares

Passado o momento de êxtase que foi Giselle, tínhamos a idéia de sairmos da Ópera e ir até a ponte L'Alma para fazer um passeio de Bateau Mouche a noite pelo Sena, para aproveitar o máximo, já que estávamos próximos do centro... porém desistimos, e foi a decisão mais certa. Chegamos ao hotel às 10 da noite, arrumamos as malas e ainda falamos com o Henrique, e graças a Deus vimos os horários dos trens para o aeroporto na Internet. Começava aí nosso primeiro (e único até agora, graças a Deus) perrengue sério na Europa: nosso voo da Easyjet para Veneza era as 7 da manhã, e o check in estava marcado para as 6:00h. Em todas as companhias low fare como essas, não tem choro nem vela – atrasou, fica pra fora. Descobrimos pela internet que a Gare Du Nord, muito próxima do nosso hotel, abria as 4:30h, e o primeiro trem para o Aeroporto Charles de Gaulle saia as 4:56h, e o próximo era as 5:30h, o que já não daria para nós, pois o tempo estimado de trajeto era de 40 minutos. Ora, teríamos então que sair do hotel às 4:30h da manhã, para pegar o primeiro trem e garantir a chegada no aeroporto a tempo. Foi o que fizemos – só havia nós na rua, com as mega mochilas nas costas, e eu tinha esquecido que meu relógio estava atrasado alguns minutos, então chegamos na estação às 4:45h. Daria pra pegar o trem, se não fosse um imprevisto importante, fruto da falta de planejamento – não compramos os tickets do trem antes, e não havia bilheterias abertas, só caixas automáticos, e adivinha – tentamos pelo menos 5 vezes e as máquinas não aceitavam nossos cartões. Quando finalmente conseguimos os tickets, já tínhamos perdido o trem. Desespero total... pensamos em sair e pegar um taxi, mas não tínhamos visto nenhum na rua, resolvemos arriscar. Deus é muito bom conosco, e por isso o trem que passou as 5:30h não parou em quase nenhuma estação, pois era muito cedo, e fizemos o percurso em 20 minutos ao invés dos 40 minutos padrão. Descemos ainda 2 terminais antes do da Easyjet, e tivemos que correr muito para conseguir fazer o check in. Depois soubemos que carregávamos 14 kg nas costas cada um. Foi muito difícil chegar, mas conseguimos. Graças a Deus, chegamos faltando 2 minutos para o fim do check in, embarcamos para Veneza, depois de um mega stress físico e emocional. Ficam aqui as lições:

- Nunca planeje sair de uma cidade tão cedo, ou chegar muito tarde, se depender do transporte público.
- Adiante tudo o que puder: pesquisa de alternativas e horários dos trens na internet, e principalmente, compre os bilhetes com antecedência.

Bem, agora vocês imaginem como chegamos a Veneza... dormimos (preocupados) somente 3 horas, passamos um certo medo nas ruas, perdemos o trem, corremos como desesperados com 14 kg nas costas, pois já tínhamos dado o voo como perdido. Quando conseguimos finalmente embarcar, eu caí no sono profundo antes mesmo da decolagem, só interrompido pelo Paulo pra me mostrar os Alpes. Quando chegamos no aeroporto Marco Pólo foi fácil achar o ônibus para a estação de Mestre, cidade vizinha a Veneza onde ficamos. O detalhe é que não sabíamos que ele parava em pontos, ficamos com a idéia que ele só ia até o ponto final... aí vimos nosso hotel Guidi passar e o ônibus andar mais 15 minutos... ainda descemos no ponto final, na estação de trem de Mestre, e demoramos meia hora pra encontrar alguém que nos informasse um ônibus pra voltar... nem o taxi quis nos levar, pois o nome da rua do hotel era a mesma do bairro vizinho da estação, mas uma não tinha nada a ver com a outra... a essa hora eu já estava com vontade de chorar – exausta, com muita dor no corpo e com fome (sem café da manhã), e sem conseguir achar nosso hotel. Mas, finalmente o encontramos!

Agora vem a parte boa – Veneza é absolutamente incrível. Única no mundo, uma cidade que teima em existir há quase mil anos, afinal, é uma cidade construída sobre o mar. Como se não bastasse, é lindíssima, com seu labirinto de canais, casas, palácios e igrejas absolutamente conservados. Concordamos com nosso amigo Mário, que nos disse que única cidade que pode se comparar a Paris em beleza é Veneza. Tem toda a razão.


Vista da Igreja de Santa Maria della Salute

Em Veneza tem mesmo que se perder – ainda bem que as ruas indicam os caminhos principais da estação Pizzale Roma, de onde chegam e partem os ônibus e os vaporetti, (uma espécie de barcos-onibus, principal meio de transporte nessa cidade) a ponte do Rialto e a Piazza San Marco.

Ponte do Rialto no Grande Canal


Estação dos "vaporetti", principal meio de transporte em Veneza


Veneza tem infinitos canais e ruas, mas o mais importante deles é o Grande Canal, onde ficam os palácios mais luxuosos. A ponte mais importante do Grande Canal é a ponte do Rialto, onde há também calçadas onde se pode andar (todos os outros trechos do Canal só se acessam com os barcos). Ah, e também de gôndolas, as famosas gôndolas venezianas. Desde meados do século XVI todas as gôndolas tem que ser negras, para que não se ostente sua riqueza com elas. Os gondoleiros de Veneza andam na maioria uniformizados com camisas de listras negras ou vermelhas e um charmoso chapéu. As gôndolas tem nomes de mulher também, todas elas. Claro que fizemos o passeio de gôndolas (mesmo custando uma pequena fortuna – 80 euros por 35 minutos, mas já tínhamos provisionado essa despesa, afinal, aqui é o único lugar no mundo que se pode andar de gôndola), e a nossa gôndola se chamava Beatrice. Inesquecível.

Nós com Beatrice (a gôndola), e Ale, nosso gondoleiro


Ca´Doro, precioso palácio que foi da grande bailarina Maria Taglione


A Piazza San Marco, a Basílica de San Marco e o Palazzo Ducale merecem um parágrafo a parte. Até agora foi a igreja mais luxuosa que vimos – maravilhosa. Mais de 4 mil metros quadrados de mosaicos, na sua maioria dourados, dentro e fora da Basílica, uma coisa impressionante. A quantidade de mármore e a variedade de cores também impressionaram, bem como o tamanho dessa magnífica obra. Anexos estão os museus da Piazza, a Torre do Relógio e o Palazzo Ducale, espécie de palácio do governo na época do apogeu de República de Veneza (entre 1200 e 1500).

A majestosa Basílica de San Marco


Palazzo Ducale


Aprendemos que Veneza foi a sede de um império muito rico e poderoso nesse período, e rivalizava com Constantinopla pelas riquezas obtidas com a navegação no oriente. Até se descobrirem rotas alternativas a cidade era soberana, e seus mercadores e famílias influentes e poderosas competiam entre si com as construções de palácios no Grande Canal. Foi tomada por Napoleão mais tarde, e este foi responsável pela abertura da Galleria Della Academia, o maior acervo de arte bizantina e medieval da Europa. Fomos até lá também. Fiquei meio encafifada porque descobri depois da visita que a Academia de Veneza possui o Homem Vitruviano de Da Vinci, seu desenho mais famoso (aquele do homem em duas posições diferentes, sobrepostas), porém concluí que ele não está exposto, senão as filas e a divulgação seriam maiores, imagino.

Ficamos em Veneza um dia e meio, mas como conseguimos aproveitar mesmo somente um dia, pois na chegada estávamos exaustos. Faltou um dia para conhecer as ilhas de Murano (vidros), Burano (pescadores) e Torcello, por isso recomendamos 3 dias inteiros para os que vêm. Veneza é mágica, imperdível, magnífica e única. Todas as nossas estrelas para essa jóia dos mares.