sábado, 10 de outubro de 2009

Um banho de arte e cultura em Firenze

Saímos no dia 01 de outubro de Veneza em direção a Firenze, mas não sem antes pagar um mico básico – pegar o carro na Avis de Mestre. Um velhinho nos atendeu com educação, porém era meio confuso, e não sabia mexer no GPS que alugamos com eles mesmos.... detalhe que nem nós sabíamos, nunca tínhamos mexido em um antes. Pois bem, o GPS não funcionava bem, e ele trocou por um outro que funcionava, porém não saia o som... tudo bem, ficamos com esse mesmo, afinal, não havia outro... Tínhamos reservado um Fiat Punto, porém ele nos deu um Fiat Bravo azul, de 2008, excelente! Ótimo, perfeito! Só precisávamos agora aprender a mexer no GPS e ir até o Hotel Guidi buscar as malas. Então.... nos perdemos como dois idiotas, atravessamos a imensa ponte até Veneza por engano e depois de rodar 40 minutos voltamos para a loja da Avis... tudo porque não sabíamos mexer no GPS... mico mega blaster master! Chegamos no hotel 30 minutos depois do horário máximo do check out, mas eles foram legais e até nos ajudaram a finalmente programar certo o GPS.

Pegamos a estrada, tentando começar uma relação amigável com o GPS, e funcionou... paramos em Pádua para visitar a Basílica de Santo Antonio, onde recebemos uma benção especial e tivemos nossas alianças novamente abençoadas por um padre. Foi muito bonito. Almoçamos por lá e na hora de ir embora, outro mico mega... programamos o GPS para Firenze mas não sei por que ele entendeu que queríamos voltar para a Basílica – 10 minutos para fazer um círculo, demos muita risada! Enfim acertamos o bichinho novamente rumo a Firenze.

Basílica de Santo Antonio, em Pádua

A estrada A1 é a Autostrada del Sole, a estrada do Sol, que corta toda a Itália. O trecho mais movimentado é justamente o que pegamos – Bolonha-Firenze, e é serra, pois corta os Montes Apeninos. Muitos, muitos caminhões, e era uma quarta feira - nem final de semana para justificar tanto movimento. Chegamos a Firenze já de noite, no Hotel Jane. Um pouco claustrofóbico, mas o Paulo adorou porque o lobby era bonitinho e porque tinha TV de LCD... eu fiquei com medo da instalação elétrica – toda vez que ligávamos alguma coisa na tomada a luz oscilava. Também não tinha internet... o hotel tem ótima localização, por isso mesmo com esses inconvenientes vale a pena. O café da manhã é bom também, e foi a diária mais barata que pagamos – 55 euros.

Eu gosto de arte, apesar de não ser uma estudiosa no tema... diria que sou uma curiosa. Sabia que em Firenze iria me encantar com tanta arte renascentista, e de fato foi isso que aconteceu... mas é tudo muito! Tem muuuuita coisa pra ver, muita informação para aprender, aquela sensação que você não vai conseguir ver nem um décimo do essencial... realmente, dois dias foi pouco em Firenze. Conseguimos ver os pontos principais do centro histórico, que é pequeno: a Piazza della Signoria, com muitas esculturas e onde um dia esteve o Davi original de Michelangelo, a Ponte Vecchio, o acervo monumental da Galeria Uffizzi (devíamos ter feito reservas com antecedência, pois a fila é grande), onde vimos pinturas de Michelangelo, Da Vinci e os famosos Nascimento de Vênus, de Botticelli e a Vênus de Urbino, de Ticiano... lindos!

Piazza Della Signoria, com o "Rapto das Sabinas"
Ponte Vecchio sob o Rio Arno

Muitas coisas me emocionaram nessa viagem, e ainda continuarão me emocionando até o final, mas acredito que em Firenze vi a obra mais perfeita que um humano foi capaz de fazer. Essa pessoa foi Michelangelo Buonarotti. Na Galeria della Academia tive o privilégio de estar frente a frente com o monumental Davi por 40 minutos. Ficaria o dia todo ali, extasiada com tanta perfeição. A impressão é que a qualquer momento ele sairá andando, ou irá se mexer. Tem os músculos, os contornos, as veias de um humano, é absolutamente perfeito. Quase fui presa, mas consegui fotografá-lo. Aprendi que Michelangelo trabalhou até sua morte, aos 89 anos, inclusive esculpindo em mármore. Esculturas não podem ser alteradas como pinturas, por isso tem que ser perfeitas na proporção, e para esse Davi não se encontrou nenhum tipo de estudo prévio ou desenho. Apesar de ilegal na época, Michelangelo clandestinamente dissecava cadáveres para aprender mais sobre o corpo humano que iria reproduzir em suas obras. Quando terminou Davi, em 1504, Michelangelo tinha 29 anos, e ela o consagrou como o gênio que todos nós sabemos que ele foi, não só na escultura, mas na pintura e na arquitetura. Vi na Ufizzi um quadro dele lindo, circular, da Sagrada Família, e é seu projeto arquitetônico também a Biblioteca Laurenciana, em Firenze. Um gênio agraciado por Deus com a perfeição estética. Tenho certeza que ele amava o que fazia. É impossível ser perfeito no que se faz sem amor.

Minha foto de Davi, tão clandestina quanto os estudos do corpo humano de seu autor

Dois dias foi pouco, queria mais um dia para ir atrás de mais obras de Michelangelo e de outros lugares fantásticos dessa cidade que sempre refletiu a riqueza dos Médici, que financiavam o Renascimento e também a ciência na sua época, patrocinando os experimentos de Galileu Galilei.


Duomo de Firenze - Santa Maria del Fiore


Uma vista panorâmica da cidade da Piazzalle Michelangelo, incluindo a famosa cúpula da Duomo, a Catedral de Santa Maria del Fiore, foi nossa ultima imagem antes de pegarmos novamente a estrada rumo a Siena.







Vista da Piazzale Michelangelo

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