terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sob o dourado sol da Toscana

Saímos de Firenze rumo à Siena no dia 03 de outubro, no meio do dia. Nossa expectativa era grande, pois enfim conheceríamos um pouco da linda e tão celebrada Toscana. A realidade Firenze já é a capital da Toscana, e lá já podíamos ver os ciprestes e o verde tão típico da vegetação dessa região, mas estávamos esperando as estradinhas, as cidadezinhas medievais e as parreiras de uvas, e também um pouco da vida interior da Itália. Foi exatamente o que vimos – foi incrível essa parte da viagem.



Já sabíamos que não iríamos ver os girassóis, pintados em todos as imagens dessa região, porque o mês que estão floridos é sempre julho. Conseguimos ver os campos de girassóis pela estrada, mas as flores estavam secas. Fizemos um combinado então, de um dia voltar a Toscana em julho para ver os girassóis abertos.

No Caminho para Siena já tinha programado uma parada em San Gimignano, uma pequena cidade medieval famosa por suas torres. Essa cidade chegou a ter 70 torres na Idade Média, e hoje ainda conserva 14. Duas famílias eram rivais e queriam competir construindo a torre mais alta. Ficamos absolutamente encantados com essa primeira cidade medieval que vimos, incrivelmente conservada. Tem o muro em volta da cidade, as ruazinhas estreitas, os túneis escuros, as escadarias, a praça principal com a igreja, tudo como no ano de 1200... só faltam os templários e cavaleiros das cruzadas! Tudo é feito de tijolos pequenos, não existem casas pintadas ou coloridas. A única cidade que tínhamos visto até aqui, dessa época era Bruges, na Bélgica, mas é muito diferente, pois Bruges, apesar de ser construída na mesma época, tem a influência Flaminga e Holandesa, muito diferente das construções italianas. Foi muito legal andar por San Gimignano em mais um dia de sol. Ficamos lá algumas horas, tomamos ótimos sorvetes, almoçamos e curtimos a paisagem, um passeio mais tranqüilo que a correria das cidades maiores e com muitos museus e igrejas que vimos até agora.



Centro de San Gimignano


Seguimos em direção à Siena, onde ficamos no Hotel Itália. Foi o hotel que eu mais gostei, o quarto tinha 2 grandes janelas com vista para as colinas, muito bonito. Foi o hotel mais caro também (aguardem nosso post de avaliação dos hotéis). Chegamos com sol em Siena, e ainda deu tempo de ir caminhando até o centro histórico.




Um dos portões do centro histórico de Siena


Siena é incrível (atenção, essa é a minha opinião, pois o Paulo não achou assim tão legal – ele preferiu as cidadezinhas medievais menores). Digo isso porque é a maior cidade medieval da Toscana, extremamente conservada por um motivo muito triste. No século 16, mas da metade da população da cidade não resistiu à peste negra, e nos séculos seguintes a cidade foi se repopulando aos poucos, por isso se conservou. Siena é famosa pelo Palio, secular e tradicional, uma competição de cavalos que acontece duas vezes por ano, mas que é assunto o ano inteiro. As famílias passam o “time” do Palio de geração em geração, mais ou menos como é com os times de futebol no Brasil. A praça principal é muito bonita, com um piso inclinado em forma de concha, e é aí que acontece o Palio. No dia que chegamos o centro da praça estava montado com muitas mesas para um jantar chique, beneficente, de um dos times do Palio, chamado Chivetta. Acho que toda a população de Siena estava lá, as ruas estavam lotadas.


Campo de Siena preparado para o evento que mobilizou a cidade



O complexo do Duomo de Siena também é famoso, pois além da Catedral gótica lindíssima, tem o batistério, o campanário e uma recém descoberta cripta com afrescos muito conservados. É lá também a Basílica de Santa Catarina de Siena, construída sobre sua casa, uma linda igreja barroca. Planejamos conhecer a Duomo e seus anexos mas não deu tempo – fora que o Paulo teve um piti de overdose de igrejas e museus. Coitado, é verdade, tem uma hora que cansa mesmo... é que eu gosto da história dos lugares e de ver as coisas, então eu curto, mas Firenze foi muito over de arte e informações, então tudo bem, fomos curtir o interior sem maiores compromissos culturais.



Duomo de Siena


No dia 04 de outubro o programa eram duas cidades no leste da Toscana – Arezzo e Cortona. Andamos pouco mais de 50 km e estávamos em Arezzo, a terceira mais populosa cidade da região (depois de Firenze e Pisa). No caminho demos um balão no GPS, que mandava pegarmos a A1, a maior auto estrada da Itália, e fomos seguindo placas alternativas, e recebemos um belo caminho de presente... casinhas amarelas com janelas verde escuro espalhadas em planícies com ciprestes e campos com videiras ou oliveiras, ou as duas coisas... lindo! Só faltaram os girassóis. De vez em quando víamos uma cidadezinha medieval no topo de uma colina. Lindo mesmo, como nos filmes.


Arezzo foi uma importante cidade medieval, muito poderosa e rica, mas infelizmente uma grande parte do seu centro histórico foi destruído durante a Segunda Guerra. Uma pena. Mesmo assim andamos pelas ruelas, fomos até a catedral e a praça principal. Era um dia especial – um domingo por por mês há uma feira de antiguidades nas ruas do centro histórico, pegamos esse dia. As pessoas da cidade estavam na rua, foi legal. Tomamos um sorvete, para não perder o costume, e seguimos viagem para Cortona.


Arezzo

Quem viu o filme ou leu o livro “Sob o sol da Toscana” vai se lembrar dessa cidade. Lembrei muito dos amigos Carol Breslin e Ed, que passaram uns dias descansando aqui em maio e nos falaram que era imperdível. É mesmo! Foi a cidade que mais gostamos! Ela fica numa colina incrivelmente alta, e chegando na cidade ainda assim tem um super escada rolante (isso mesmo, moderna!) para ir até o centro histórico. Andamos muito, subimos e descemos, fomos em igrejas, foi uma delícia. O tempo ficou um pouco nublado, mas no fim da tarde o sol apareceu, e aí percebi que o sol é diferente na Toscana. Ele deixa a paisagem dourada, um visual único e incrível, que não consegui capturar com minha máquina, mas acreditem, é único. Só pra ver esse sol vale a viagem.

Cenas de Cortona - Vista do alto, Paulo cansado com as subidas e a incrível paisagem dourada


Devíamos ter ficado mais tempo na Toscana – 2 dias foi muito pouco. Poderíamos ter ido a Pisa, à Lucca da minha amiga Érika, conhecer a estrada dos vinhos de Chianti. Aqui vamos voltar um dia, e pra quem vem fica a dica – 4 dias na Toscana é o ideal, de carro, vale muito a pena. Mesmo assim, foi um presente, uma surpresa muito agradável ter ficado esses 2 dias nesse paraíso.

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